Desde que tomei a decisão de fazer psicologia, lá atrás, no segundo ano de magistério numa aula de psicologia do desenvolvimento, eu já me tinha apaixonado pela ideia de saber o que acontecia na mente do ser humano.

Naquela aula a professora estava falando do desenvolvimento da criança e ali eu descobri que tinha uma ciência que já se preocupava em entender o que o ser humano pensava, qual o motivo de seus comportamentos, como ele se relacionava e porque para algumas pessoas era tão fácil evoluir e para outras não.

Minha poção criança ficou encantada e muito curiosa com a descoberta daquele mundo novo.

Desde dessa época a psicologia para mim é a possibilidade de respostas para os mistérios da vida, para o que acontece na cabeça do ser humano. No início de todo o mundo que vai fazer psicologia diz que é para entender e ajudar o outro, isso é quase uma colocação para passar no vestibular. kkkk

Mas na verdade vamos mesmo descobrir o que está acontecendo com as pessoas. Já estamos com algum nó bem grande em nossa vida e que esse chamado vem para te dar uma luz. E comigo não foi diferente. Eu sempre fui uma criança muito sozinha e quieta. Cresci sendo a que estava no canto observando, sempre leu muito bem as pessoas e brincava até de imaginar o que uma pessoa estava pensando ou sentindo.

Por ser introvertida, esse exercício de imaginar era a minha brincadeira preferida. Era a criança que vivia no mundo da lua, conversando com meus pensamentos e elocubrações.

Cresci assim e quando cheguei na adolescência, vocês podem imaginar como ficou na minha cabeça. Eram muitas dúvidas, muitos pensamentos, muita insegurança e muita fantasia. Eu tinha uma mania que era ficar parada olhando para um ponto fixo, esvaziar a cabeça e não pensar em nada, que era muito odiada pelos meus amigos, pois eles sempre ficaram preocupados e questionados porque eu estava quieta, se estava triste ou o que tinha acontecido?

E depois de fazer psicologia descobri que esse era meu jeito de administrar tudo o que estava pensando comigo e foi o recurso que eu arrumei de esvaziar a mente, para de pensar um pouco. E uma certa dose de “chamar a atenção” também, porque isso funcionava. Todo mundo vinha fale comigo e me davam a atenção. Fazendo aula de meditação descobri que eu já fazia esse lance de esvaziar a mente que muita gente tem dificuldade hoje em dia e eu sempre tive facilidade.

Enfim, faculdade se aprimorou, me formei, comecei a atender desde o primeiro dia depois da formação e nunca mais parei. Já atendi muitas pessoas, finalmente me formei em dezembro de 2000, então faça a conta. E eu amo cada vez mais atender. Eu entro no “fluxo” quando estou atendendo, principalmente quando é uma sessão que o paciente está bem confuso e angustiado.

Eu adoro essas sessões porque é aí que eu vejo a mágica acontecer, quanto mais se investigar, se fizer perguntas e tentar desemaranhar os problemas, mais o inconsciente te ajuda e vai te dar informações. Esse é o verdadeiro autoconhecimento. Uma conversa sua com você mesmo e com tudo o que você cerca. Não existe certo ou errado, existe o seu mundo, o seu universo, o que importa para você e como tudo o que você experimentou influência na sua forma de ver a vida e agir nela.

Chegar ao final de uma sessão dessa e ver o sorriso no rosto do paciente de que ele desatou o nó ou pelo menos achou uma ponta para puxar, não tem preço. Enquanto psicóloga, isso me nutri, me dá motivação e sentido de vida para, aí sim, ajudar a pessoa que está ali na minha frente.

Esse é o propósito do autoconhecimento, é saber - se quem é e descobrir como usar esse conhecimento ao seu favor e no seu caminhar na vida. Frequentemente escudo de quem começa a fazer a terapia e logo experimenta essa sensação, a frase:- Todo mundo deve fazer terapia. É muito bom!

Pena que caminhamos para o lado oposto disso. Sentimos a necessidade na época da pandemia e pós-pandemia, mas depois do passado o sufoco, fugimos de enfrentar problemas, estamos plantando a ideia de que é melhor ficarmos cegos e nos enganarmos com promessas de que a vida é fácil e é um post sorrindo no instagram.

Espero que você esteja aqui comigo lendo, seja da turma que quer experimentar mais da vida. Na certa já experimentei ou ainda estou fazendo terapia, e sei do que estou falando. Aquela sensação de começar a vida com claro, ter insights, separar com facilidade o que nessa relação é um problema que você tem que resolver ou aquilo é do outro, se evitar de relações que não são legais, conseguir colocar limites nas pessoas e ficar bem com isso, enfim… são muitos os benefícios de se auto conhecer.

Só uma ressalva aqui porque eu sou suspeita para falar, mas o autoconhecimento não acontece da noite para o dia, é frequente e é um processo. Vicante, mas extremamente importante.

Beijos e até a próxima sessão de terapia..